As baratas são frequentemente citadas quando se pretende salientar a capacidade de resistência da vida animal à intervenção destrutiva do homem sobre a natureza. Estes pequenos insectos, da ordem Blattodea, frequentemente apelidados como repugnantes, existem na Terra há mais de 400 milhões de anos, tendo sobrevivido a séculos de perseguições implacáveis, movidas por parte de donas de casa que entram em crises de histeria ao mínimo vislumbre da sua presença. Resistiram estoicamente ao progresso assinalado na indústria do calçado, sobrevivendo à morte por esmagamento por parte das sandálias romanas, socas holandesas, chinelos de borracha e finalmente às pesadas Doc Martens. Diz-se mesmo que no caso de ocorrência de um holocausto nuclear, as baratas ficariam por cá e seriam sérias candidatas a espécie dominante do planeta. Boatos velados, e obviamente destituídos de veracidade, defendem que, mesmo o infalível DUM-DUM, pouco ou nada pode contra tão tenaz insecto.
As tradições assemelham-se às baratas, sem ofensa para as últimas, no que toca à resistência ao extermínio. Resistem sem mácula às investidas de um conjunto de inimigos, que contam entre as suas fileiras, factores como a literacia, a justiça, o bom senso, ou mesmo a razão. São Inúmeros os casos em que qualquer um dos últimos argumentos sucumbe por terra à típica resposta proferida, frequentemente, por uma boca desdentada e brejeira “Aqui sempre se manteve esta tradição, já desde o tempo dos antigos ”. Há bom! Nesse caso então desculpe a minha intromissão, por favor queira continuar a espancar a sua esposa. Olhe, por acaso este pau não lhe parece mais indicado para lhe infligir um traumatismo craniano?
Por este pequeno Portugal fora, pululam diversos casos de autênticas manifestações de degenerescência mental colectiva, que são mantidas e estimuladas por “serem tradição”. Já tinha tido o desprazer de ouvir falar dos touros de morte de Barrancos, dos miúdos fumadores de Mirandela, mas foi neste Carnaval que a minha lista pessoal de habitats naturais de mentecaptos se enriqueceu com a aldeia de Campia, no concelho de Vouzela. Em Campia não há miúdas semi-vestidas em avançado estado de hipotermia, que se abanam numa tentativa frustrada de copiar os passos de samba a que assistem pela televisão. Não há também mascarados, desfiles ou cabeçudos. Não! Por lá mantém-se a tradição! Todos os Carnavais, os mordomos das festas formam uma milícia que palmilha as ruas em busca de um gato. Uma vez capturado ou roubado, o animal é colocado num cântaro, dentro do qual fica fechado até a hora da festa. Depois, à noite, no largo da Parvónia, digo Campia, o cântaro com o gato encerrado no interior é içado até ao cimo de um mastro, em torno do qual se dispõe uma pilha de lenha. Pega-se fogo à lenha enquanto a multidão acéfala aguarda ansiosamente que o cântaro aqueça e as cordas ardam, desfazendo-se o cântaro em mil pedaços no chão. Caso o animal (e aqui refiro-me aqui ao gato) “tenha sorte” e ainda esteja em condições de fugir, a horda obtusa de populares move-lhe nova perseguição munida de paus para ver quem lhe acerta.
Alguns órgãos de comunicação social deslocaram-se este ano à Campia, a fim de falarem com a organização de tão sádica festividade. Carlos Duarte, o único defensor “da tradição” que conseguiu concluir o ensino primário, lá iniciou o seu discurso com a já esperada afirmação “A tradição sempre existiu e poderá continuar a existir porque nunca morreu nenhum gato”, garantindo, inclusive, que já terá usado gatos seus, que regressaram a casa, sem nenhuma maleita, no final da festa. Claro! Faz sentido! É exactamente a mesma justificação usada pelo já mencionado marido que espanca a mulher. “Ela é MINHA mulher e nunca morreu em consequência das tareias que apanha”. O referido pacóvio negou ainda que a população movesse uma perseguição colectiva ao gato, após este se escapar do cântaro. Apenas um homem mascarado, designado por “Burro das Turqueses” (o nome não podia ser mais apropriado) o faz. No entanto, para não alimentar polémicas, ou não tivessem sido apresentadas algumas denúncias de atentados aos direitos dos animais junto das autoridades locais, este ano iria ser usado um gato de peluche, em vez de um verdadeiro. Num acometimento espontâneo de preocupação com o bem estar animal, Carlos Duarte, questionou se não será pior para o gato fazer uma viagem de 8 horas de avião fechado numa gaiola, do que ficar uma hora dentro de uma cântaro. Eu recomendo-lhe que experimente as duas alternativas e que nos diga qual prefere: fazer uma viagem de 8 horas de avião fechado na casa de banho, ou uma hora encarcerado num pipo, que é içado 10m no ar, posto em chamas e finalmente perseguido por uma maralha com paus… Aliás, pensando bem, até mesmo as baratas parecem não resistir às chamas.
As térmitas, insectos pertencentes à classe Isoptera, devem a sua notoriedade no reino animal às colónias verticais que edificam e que atingem frequentemente perto dos
O projecto de Gonçalo Byrne, Estoril Residence está para a costa do Estoril como uma termiteira está para a planície africana, um mamarracho. A sua estrutura em H, uma artimanha horrível para libertar espaço no solo que viabiliza a construção, a sua traça que faz lembrar um amontoado de contentores no Porto de Lisboa, as dimensões desproporcionadas à zona, a falta de enquadramento na envolvente arquitectónica e paisagística, tudo no projecto me causa repulsa e aversão. Não obstante, este vai ser o edifício que vai albergar os apartamentos mais caros do país, um pequeno T1 custa cerca de 900 mil Euros!!! e o mais caro ronda os 3,7milhões de Euros!!! O custo dos apartamentos não parece no entanto afastar os interessados em morar no novo elefante branco da construção portuguesa, ainda antes de se iniciar a sua construção, cerca de 65% dos apartamentos já estão vendidos. (Isto faz-me reflectir um pouco sobre a realidade social portuguesa e a distribuição da riqueza, mas deixo isso para um momento futuro)
Importa lembrar que o velhinho Hotel Estoril Sol veio abaixo pelas suas dimensões desproporcionais para a zona, por sobressair demasiado na bela costa do Estoril e por a sua remodelação ser demasiado dispendiosa. Pois bem, o novo Estoril Residence não só é do mesmo tamanho, destoa ainda mais e consegue ser mais feio.
Para isto mais valia não ter deitado o Estoril Sol por terra.
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Deverei considerar uma carreira no mundo da cartomancia ou da astrologia? Afinal não foi necessário aguardar muito para que as minhas previsões que me levaram a constituir este blog se corroborassem: “Cheira-me que o ano de 2008 será abundante em seres profundamente irritantes, determinados a atazanar a vida a todos nós. O primeiro coleóptero do ano a dar um ar da sua graça fê-lo logo em grande, instalando uma irritação e indignação tão acentuadas que extravasaram as fronteiras do país. O merecedor da honoravel distinção de primeira fumigação de Dum Dum é Etiene Lavigne , director do Rali Lisboa – Dakar, ao optar pelo cancelamento da prova face a ameaças de atentados terroristas na Mauritânia, por parte da Al-Qaeda . Até à presente data o rali sempre encontrou forma de superar os inúmeros entraves, contratempos e imprevistos que se lhe colocaram. Desde conflitos regionais, mortes de pilotos, etapas canceladas, outras redesenhadas, ou encurtadas, o ralie encontrou sempre um caminho que conduziu os participantes às areias das praias de Dakar. A verdadeira essência da prova foi sempre a superação de tarefas herculianas , a transcendência de limites pessoais, quer por parte de participantes, quer por parte da organização. Este ano desistiram mesmo antes de partir.
Bem vindos a este cantinho cibernético dedicado à delação, fustigação e instigação à critica de todas as melgas, mosquitos e aracnídeos que pululam e enxameiam este jardinzinho à beira mar plantado, atazanando-nos a vida. Não fosse o Filo Arthropoda o maior e mais diversificado de todos os que compõem o Reino Animal, estes pequenos seres incomodativos assumem uma grande diversidade de formas, tamanhos e modos de vida. Os que aqui se procuram fulminar são muitas vezes individualidades, outras vezes instituições, outras acontecimentos, medidas políticas, estados de espírito, etc. Não importa a forma, todos serão sumariamente exterminados.
COM DUM-DUM NÃO ESCAPA UM!!!!
. Gato escaldado, de Campia...
. Teixeira dos Santos a Tra...